Modos de Governar
ideias e práticas políticas no Império Português - século XVI-XIX
Este livro se propõe a discutir as redes de poder, parentesco, clientela e negócios que deram vida e dinâmica ao império português. As reflexões desenvolvidas aqui partem da certeza de que a história do período colonial ocupa posição central na reflexão sobre o Brasil e, assim, buscam analisar os vários níveis da administração imperial e local, as biografias de seus agentes e governantes, as representações, os discursos políticos e as trajetórias sociais que conferiram materialidade e governabilidade ao império português e ao Brasil independente. Em comum, possuem a valorização de características essenciais das sociedades ibéricas nos Tempos Modernos, sem nunca perder de vista a profunda singularidade da sociedade americana nos trópicos, marcada inexoravelmente pelo escravismo colonial. O livro foi organizado em cinco partes, formando um todo que abarca diferentes perspectivas de análise. Os capítulos da primeira parte, intitulada Perspectivas Historiográficas, Elites e Governo do Império, discutem novas abordagens das relações de poder no império português e no mundo colonial. Neles, os nexos das políticas metropolitanas e das dinâmicas coloniais são enfatizados, fazendo com que a dualidade Brasil-Portugal, que orientou boa parte de nossa produção historiográfica, assuma outras dimensões, ao conectar-se com as demais regiões do ultramar lusitano. Trajetórias Administrativas, Redes Mercantis e Conexões Imperiais, a segunda parte do volume, trata das redes de negócios, interesses, clientelas e parentesco que se forjaram, conectando diferentes domínios territoriais e distintos segmentos sociais ao longo do espaço-tempo imperial lusitano. Tais redes envolviam os mais diversos agentes: casas aristocráticas do reino, letrados e intelectuais da monarquia, oficiais de justiça, fazenda e guerra, negociantes e colonos principais da terra. Já a terceira parte, Política, Letras e Razão de Estado, analisa os discursos, as práticas e as representações da sociedade e do poder na Europa e no Brasil, desde o século XVI, enquanto a quarta parte, Poderes Locais, Governança da Terra e Fronteiras do Império, desvenda, ao longo do século XVIII, a multiplicidade de estratégias de afirmação das elites coloniais e de exercício do poder, ou de poderes locais, em diferentes regiões da América portuguesa. Os capítulos da quinta e última parte, Idéias, Práticas Políticas e Movimentos de Contestação, incidem sobre diferentes movimentos de contestação, baseados em distintas concepções e estratégias políticas, protagonizados por segmentos sociais igualmente diferenciados. Sobre as organizadoras: Maria Fernanda Bicalho é professora da Universidade Federal Fluminense e autora de A cidade e o império. Vera Lúcia Amaral Ferlini é professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo, coordenadora da Cátedra Jaime Cortesão e autora de Terra, trabalho e poder e Civilização do açúcar. Índice Prefácio Vera Lúcia Amaral Ferlini Modos de governar o Império: à guisa de introdução… Maria Fernanda Bicalho PARTE I – Perspectivas historiográficas, elites e governo do Império Conectando historiografias: a escravidão africana e o Antigo Regime na América portuguesa Silvia Hunold Lara Governo, elites e competência social: sugestões para um entendimento renovado da história das elites António Manuel Hespanha “Administração” e “governo”: uma reflexão sobre o vocabulário do Antigo Regime Pedro Cardim Governo e governantes do Império português do Atlântico (século XVII) Mafalda Soares da Cunha Governadores e capitães-mores Império Atlântico português no século XVIII Nuno Gonçalo Monteiro PARTE II – Trajetórias administrativas, redes mercantis e conexões imperiais Governo-geral e a formação da elite colonial baiana no século XVI Rodrigo Ricupero O ofício e as cerimônias de nomeação e posse para o governo-geral do Estado do Brasil (séculos XVI e XVII) Francisco Carlos Cosentino Bernardo Vieira Ravasco, secretário do Estado do Brasil: poder e elites na Bahia do século XVII Pedro Puntoni Conexões imperiais: oficiais régios no Brasil e Angola (c. 1680-1730) Maria de Fátima Silva Gouvêa Nichos e redes: interesses familiares e relações comerciais luso-brasileiras na África Oriental (1750-1800) Luís Frederico Dias Antunes PARTE III – Política, letras e razão de Estado Família, soberania e monarquias na República de Jean Bodin Rodrigo Bentes Monteiro Política e letras no tempo dos Filipes: o Império português e as conexões de Manoel Severim de Faria e Luís Mendes de Vasconcelos Ana Paula Torres Megiani A Academia Real de História Portuguesa e a defesa do patrimônio ultramarino: da paz de Westfália ao Tratado de Madri (1648-1750) Íris Kantor José Rodrigues Abreu e a geografia imaginária emboaba da conquista do ouro Júnia Ferreira Furtado A questão agrária no pensamento reformista luso-brasileiro do século XVIII: estrutura fundiária, legislação territorial e proposta de mudanças Vera Lúcia Amaral Ferlini PARTE IV – Poderes locais, governança da terra e fronteiras do Império Poder local e autonomia camarária no Antigo Regime: o Senado da Câmara da Bahia (século XVIII) Avanete Pereira Sousa Sonhar o céu, padecer no inferno: governo e sociedade na Paraíba do século XVIII Mozart Vergetti de Menezes Goiás da década de 1730: pioneiros, elites locais, motins e fronteira Maria Verônica Campos Homens ricos em Minas colonial Carla Maria Carvalho de Almeida PARTE V – Idéias, práticas políticas e movimentos de contestação Revisitando a Guerra dos Emboabas: práticas políticas e imaginário nas Minas setecentistas Adriana Romeiro “Viva o rei, viva o povo, e morra o governador”: tensão política e práticas de governo nas Minas dos Setecentos João Pinto Furtado “Nos traços do esquadro e do compasso”: a sociabilidade maçônica no mundo luso-brasileiro (1790-1822) Alexandre Mansur Barata Um paraíso à parte: o movimento sebastianista do Rodeador e a conjuntura política pernambucana às vésperas da Independência (1818-1820) Jacqueline Hermann
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